Dia 23 de dezembro, o C me liga, chorando, desesperado, como eu nunca tinha sentido ele, e me conta que o B tinha morrido num acidente de carro. Lógico que fiquei em choque. Por mais que eu não tivesse contato com o B, eu chorei. Eu senti a dor que o C tava sentindo e isso me machucou. Eu evitaria qualquer tipo de sofrimento do C, se isso fosse possível. Mas nesse caso não era possível.
Faz dias e eu ainda não tinha conseguido escrever aqui sobre o assunto. A ficha não cai. É algo irreal. Na verdade, a morte pra mim é algo irreal. Nunca perdi uma pessoa que eu amava. Nunca tive a morte perto de mim. E agora, sinceramente, não sinto a perda, porque não convivia com o B, mas vejo a dor da perda no C e isso me machuca profundamente.
E não consigo deixar de me sentir culpada. Sou culpada por ter odiado o B sem nem ter conhecido ele direito. Sou culpada por ter tirado do C a oportunidade de ter mais tempo, mais momentos ao lado do B. Sou culpada por não ter respeitado a amizade deles. Me sinto imatura pela atitude que eu tive. Me pergunto como pude agir desse jeito. Foi preciso uma morte para que eu aprendesse uma lição? Não tinha uma maneira menos dolorida? Uma maneira que não trouxesse tanta tristeza e que ao mesmo tempo não me assombrasse tanto? Na noite do dia 23/12, eu simplesmente não consegui dormir antes das 5hs da manhã. Quando o sono chegava e parecia tomar conta de mim, eu tinha um sobressalto, lembrava do B, sentia a presença de algo, imaginava a morte dele, me sentia culpada, chorava até a exaustão. Fiquei impressionada. A todo momento eu tento entender. Como assim uma vida foi interrompida? porque? E os sonhos? E os planos? E a rotina das pessoas que conviviam com o B? E o vazio que vai ficar? Como aceitar que uma pessoa já não existe mais? Como assim uma pessoa deixou de existir? Simplesmente saiu do mundo? Partiu para sempre? E os presentes embaixo da árvore de Natal agora sem sentido algum? E o sentido da vida para a família? Como pode tudo desaparecer tão de repente? tão cedo?
É tudo tão triste, tão desesperador, tão sem sentido...
E a culpa me acompanha...
Agora chove muito, me faz pensar em todas as lágrimas de dor que foram formadas pela partida do B, quantos soluços, quantas lamentações, quantos desejos de mudar a verdade, de voltar no tempo...
Como eu queria mudar minhas atitudes do passado, como eu queria que nada disso tivesse acontecido, como eu queria que só existissem lágrimas de felicidade e que só fosse possível morrer de rir...
Como eu queria...
Fé em Deus, consolo maior! |
Nossa flor eu penso exatamente como vc, eu nunca tive a morte perto de mim nunca senti a dor de perder pessoa a minha volta, eu já perdi a minha vó mais eu nao falava com ela, ela nem gostava de mim. Devo imaginar como vc esta se sentindo, é dificil :xx mais vc precisa ficar forte para confortar o C nem que seja pelo telefone, peça desculpas e fale q vc vai estar com ele em tds os momentos ajudando ele em tudo. Bejoos flor fica bem ;*; se cuida e força
ResponderExcluirOlha, vc nao teve culpa. Eu penso que vc cresceu mais um pouco com essa história e que as historias q a gente vive servem exatamente para isso: nos fazerem crescer, nos ensinar. Nao há mocinhos e bandidos, há sobreviventes. E vc sobreviveu a isso, a essa história tão triste. Aprenda e passe adiante, é o que pode ser feito.
ResponderExcluirConcordo plenamente com a Skinny, siga em frente com mais esse aprendizado!
ResponderExcluirForça aí!
Que situação complicada, mas lembre que você não teve culpa alguma. Ninguém pode prever uma fatalidade dessas, isso não foi causado por você. Se te fizer sentir-se melhor, peça desculpas ao seu amigo e diga o quanto está arrependida. Enfim, é um aprendizado, não se esqueça de que não teve culpa de absolutamente nada. Seja forte. Beijos!
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