quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sem mimimi, please

ok, sem mimimi... Passei muito tempo sem bloggar? ok, passei, mas PASSOU! hahaha

Só eu sei o quanto eu me realizei, ri, sonhei, planejei e o quanto eu me decepcionei, chorei e me fechei nesse tempo todo.
Poderia chegar aqui e não contar nada, mas esse tempo foi importante para minha vida e preciso colocar tudo aqui, é uma parte da minha vida que só não marcou mas que também machucou e com certeza vai ficar cicatriz. Quem já passou pelo o que eu vou contar agora, vai super entender, quem não passou eu espero sinceramente que nunca passe.

Eu tenho a síndrome de não confiar em mim mesma, de achar que sempre há pessoas melhores e mais preparadas (para qualquer bosta) do que eu. Por isso, eu sempre mantive dentro de mim o meu desejo de estudar no exterior. Nunca achei que eu teria capacidade para ser selecionada, enfim...
Este ano, a CAPES lançou o primeiro edital do programa BRAFITEC que incluia uma bolsa de estudos na França para o meu curso de graduação. O que eu pensei na hora? Com certeza terão alunos melhores que eu, vai ser só mais uma decepção pra mim, deixa isso quieto...
Meu namorado insistiu muito e eu acabei me inscrevendo na última hora. Resumindo a história, eu fui selecionada, passei em todos os requisitos da CAPES, ou seja, estava apta a ir.
Na mesma semana que fomos escolhidos (eu e mais 5 alunos da minha universidade mas de outros cursos), fomos submetidos a um teste de proficiência em francês, apenas para comprovação, pois na França receberíamos 2 meses de curso, o que sempre foi suficiente para os alunos que já participaram desse intercâmbio aprender e acompanhar as aulas do semestre. Claro que fomos nivelados como nível iniciante. A prova custou R$ 215 e tivemos que nos deslocar até a capital para fazer.
Desde então, estudei francês 5 horas por semana durante 2 meses, pagando 20 reais a hora. Dinheiro que eu não tinha, que estava investindo em mim e no que isso poderia me proporcionar no futuro. Economizei muito, me dediquei muito, meu mundo girou em torno disso. Eu já não dormia, pois devido ao fuso horário eu sempre recebia e-mail da escola da França 4 ou 5h da manhã e estava pronta para receber ou providenciar o que eles pedissem. E eles pediram muita coisa. Desde o início a escola que eu estudaria (as escolas na Franças são divididas por cursos de graduação) exigiu muita coisa, pediu muitas cartas, muitos documentos, muitos dossiês e eu enviei absolutamente tudo que me pediram. Era a prioridade da minha vida.
Até que a escola da França decidiu que "meu nível de francês era insuficiente e que eu não teria condições de alcançar o nível da escola em 2 meses". Sim. Uma instituição educacional tirou o direito de um aluno de aprender. O curso de francês é pago pelo governo brasileiro, é normal estudantes brasileiros voltarem após os 2 meses de curso por não conseguirem atingir um nível suficiente mas é a primeira vez que uma escola tira o direito de um aluno tentar. Não me deram a chance de tentar. Eu já trocava e-mails em francês com a escola sem usar tradutor, já formava e falava algumas frases, já tinha aprendido muita coisa. Meu conhecimento já não era mais o mesmo. Meu conhecimento já nem podia mais ser comparado. Eu já não posso mais ser avaliada por uma prova que eu fiz há 3 meses atrás antes de começar todo esse estudo. Tudo isso foi explicado, foi debatido e não teve solução.

Todos os outros estudantes da minha universidade estão indo para esse intercâmbio com o mesmo nivel de francês que eu tenho. É algo muito injusto, que já me revoltou muito mas que hoje só me faz chorar ao reabrir a ferida.

 Meu coordenador não conseguiu reverter o caso. Depois disso restou a dor, o fracasso e o vazio de um sonho roubado.
Guardo com carinho as palavras do meu coordenador: " Sabes que a falha não foi tua " e "Tu passou pelo que eu considero mais difícil, que é uma seleção interna". Mas elas não tiram o peso que tenho sobre as costas, não tiram o peso de ter fracassado, de ter plantado esperança no coração da minha família e dos meus amigos, de ter acreditado e me dedicado tanto pra algo que não existiu. Não há palavras que possam tirar a culpa de mim, ela tá dentro de mim e eu vou carregar isso sempre.
Não sei se algum dia vou conseguir participar novamente de alguma seleção assim, mas o sonho de uma vida no exterior continua, a dor e a batalha também.

Um comentário:

  1. Qualquer palavra minha não vai diminuir sua dor.
    Digo que a compartilho contigo.
    Mas uma coisa pelo menos você não desistiu do sonho de uma vida no exterior, já que é o que tanto deseja.
    Boa sorte!

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